Em momento algum culpei o formato pela relação mal
resolvida. Mas, após inúmeras tentativas ao longo de anos, me permito concluir
que à maioria dos contos faltou a capacidade de me engolir - mesmo que apenas
pelo tempo que dure a leitura de umas poucas páginas.
Do nada, me cai nas mãos um livro do Raymond
Carver. Americano, além de pinguço o Raymond Carver acendia um cigarro no outro.
Morreu aos 50 - há mais de duas décadas. Apesar da short life, será lembrado como o reinventor da short story.
É ler para entender como, em tão pouco tempo, esse
maluco se tornou um dos maiores contistas do século 20.
"Um homem sem mãos apareceu na minha porta para me
vender uma fotografia da minha casa. A não ser pelos ganchos cromados, era um
homem de aspecto comum, de mais ou menos cinquenta anos. "Como você perdeu as mãos?" , perguntei depois que ele disse o que queria
dizer. "isso é uma outra história",
respondeu. (trecho de "Visor")