Embora tenha assistido a muitas montagens de Shakespeare na vida, vou morrer sem ousar me considerar uma iniciada na obra do cara.
However, acho que conheco o bastante pra me atrever: Wagner Moura construiu e interpreta um HAMLET apaixonante.
Tava ansiosa pelo início da peça, muito porque se tratava da companhia de Aderbal Freire-Filho, que considero um dos melhores encenadores do teatro brasileiro (e de quem procuro não perder na-da).
Pois muito bem fez o diretor em optar por uma cenografia despojada. Wagner Moura é o elemento dominante, precisa de espaço. Carga dramática exata, leva a platéia a se compadecer genuinamente com a dor do príncipe da Dinamarca - que perde o pai, assassinado pelo tio (que, imediatamente, se casa com a rainha viúva).
Um ator como poucos, num papel pra pouquíssimos.
Hamlet está no ótimo teatro Faap, em Sampa, só por mais duas semanas.
Paul Auster é um encantador de leitores. Nos faz seguí-lo por mundos paralelos, tramas entrelaçadas, trajetórias sem começo e/ou desfecho, enredos surreais. Enfeitiçados, nos deixamos levar. Comigo, pelo menos, é assim. E pra eu mudar de idéia, vai ser preciso Paul Auster fazer um livro muuuito ruim... Não acho que seja o caso de Homem no Escuro. Ponto.
Eu fico rodando sem sair do lugar porque posso ver a história tomando qualquer uma das muitas direções possíveis, e ainda não resolvi que caminho seguir. Com esperança ou sem esperança? (trecho de "Homem no Escuro")